#transfusão noise records

Carpete Florido: Livre

A Carpete Florido pertence à primeira geração de bandas da Transfusão Noise Records, quando um grupo de amigos da baixada passavam os sábados gravando no estúdio Interestellar Lo-fi. Com longas pausas, shows ocasionais e versos sinceros sobre amor e amizade, a banda liderada por Evandro Fernandez tem contado com diferentes colaboradores ao longo dos últimos 10 anos. O primeiro EP Estelar saiu em 2009, sucedido pelo álbum Meus Heróis no ano seguinte; após um hiato, Evandro retomou o projeto com o EP Bom Rapaz, de 2016, e emendou com o single Encontros e Desencontros em 2017.

Evandro passou por outras bandas da Transfusão, como Uma Nova Orquídea, Tape Rec e Suite Parque, firmando-se como um dos mais admirados letristas do selo, não raramente citado como inspiração por seus amigos – e até já teve canções tocadas em shows e discos do Treli Feli Repi e Gaax. Lançado em abril de 2020, Livre é o início de mais uma fase da Carpete, que ainda este ano lançará o álbum Universo Paralelo, 100% gravado no Escritório.

GAAX: Simples

GAAX é o projeto solo do metalúrgico e hit-maker Felipe Oliveira, de 28 anos, que tem alternado entre registros solitários e discos produzidos ao lado dos amigos da Transfusão. Gravado em casa num four-track, EXPerimental Gospel Sessions, de 2014, rendeu comparações com Daniel Johnston, Microphones e Guided By Voices. Campo dos Sonhos, de 2015, foi gravado no formato power trio com Lê Almeida e João Casaes, que também cuidaram da produção. Senhor da Ciência veio no ano seguinte, retomando a estética lo-fi da estreia. Após deixar a Baixada para trabalhar em Ribeirão Preto, Felipe praticamente parou de fazer shows e foi acumulando composições que seriam gravadas na virada de 2018 para 2019, quando passou quatro dias enfurnado no Escritório, no centro do Rio.

Simples é o primeiro single de Naturalidade, quarto álbum do GAAX, previsto para o segundo semestre de 2020. Além de Lê Almeida e João Casaes, as sessões contaram a participação de outros agregados do Escritório, como Joãozin, Phill, Bigú, Raoni, Karol, Feipe Neiva… Em comparação com as últimas faixas que Felipe gravou com banda, o novo álbum soa mais solto, menos polido, acompanhando a recente guinada da Transfusão. As cores da capa de Jorge Pollo entregam uma novidade de Simples: o flerte com o reggae. Outros singles de Naturalidade serão lançados em breve. Saiba mais no instagram da Transfusão.

Oruã DATABASE

“Oruã é filho do centro do Rio de Janeiro, nasceu à noite e frequenta os bailes pela madrugada. Free jazz de pobre. Kraut de vagabundo. Sem neurose.” Tocam na Baixada Fluminense e nos Estados Unidos, não viajam a turismo e nunca fizeram intercâmbio. Leia a biografia em database.fm/orua para saber mais sobre o disco novo, session na KEXP, turnê com o Built to Spill e muitas outras coisas que o dinheiro não compra.

Oruara: Ascendente

Ascendente é 100º lançamento da Transfusão Noise Records, gravadora oriunda da baixada fluminense que completa 15 anos em 2019. Oruara é um desdobramento do conjunto Oruã, que começou como um projeto mais colaborativo em 2016 e, após o lançamento de Sem Benção / Sem Crença, caiu na estrada e assumiu o formato power trio. Preservando o modus operandi do início do Oruã, as canções do Oruara contam com diversos colaboradores e transitam pelo free jazz, afrobeat e krautrock, trilhando caminhos experimentais que levaram a uma parceria com o selo carioca Quintavant. Talvez a principal inovação seja a ausência de distorção nas guitarras – mais uma demonstração da recente guinada estética no som da Transfusão, que num primeiro momento foi reconhecida pelos roques barulhentos.

Assim como o debute do Oruã, Ascendente é envolto por certo misticismo e mensagens teleguiadas que buscam superar um revés na vida pessoal de Lê Almeida. O disco é dedicado a seu pai Antônio Carlos, que foi quem o apresentou Led Zeppelin e o Centro do Rio, onde desde 2013 funciona o Escritório, o quartel general da Transfusão na Rua da Constituição, próximo à Praça Tiradentes.

Lê Almeida: “Ascendente presta uma singela e honesta homenagem a meu pai e simboliza a saudade em algumas letras e nos momentos em que o disco se perde e se encontra. O álbum foi composto e gravado de maneira espiritual, com ajuda do tempo e guiado por pessoas iluminadas: Bigú Medine, João Casaes, Phill Fernandes, Laura Lavieri, Cacá Amaral, Leandro Archela e Iládio Davesse”.

Trempes: Impender

Em março de 2015, um dia após completar 17 anos, João Luiz pisou pela primeira vez no Escritório e nunca mais saiu. Nascido no interior do Piauí, ele chegou ao Rio de Janeiro em 2009 e passou anos sem tomar conhecimento da cena em torno da Transfusão Noise Records, até que viu pelas redes sociais da californiana Burger Records que um pico próximo à Praça Tiradentes era uma das sedes do evento Burger Revolution. Desde então, Joãozinho se tornou “sócio atleta” do clube recreativo da Transfusão, assumiu o posto de baixista e excursionou por todas as regiões do Brasil com o conjunto Oruã, bem como tem ajudado em várias empreitadas do selo.

Ao longo desses três anos, o caçula da Gran Noise Family compôs e gravou o primeiro disco de seu projeto solo Trempes, tocando todos os instrumentos em sessões no estúdio da Transfusão e em seu quarto. Impender reflete os sons que ecoam pelo Escritório, desde as outras bandas que gravam e se apresentam por lá, passando pelos vinis que rodam na vitrola e pelas pedradas enfileiradas no Winamp. “Praticamente, comecei a ouvir os grandes brasileiros por causa do Escritório, principalmente Gilberto Gil, além de afrobeat e de me aprofundar no indie rock, Helvetia, Eiafuawn, umas coisas meio slowcore. Já fui absurdamente viciado em Ty Segall.” Além de alguns dos artistas citados por João, o álbum também remete ao Homeshake, à carreira solo de Rodrigo Amarante e aos discos independentes que Beck lançou em 1994.

Com o devido lobby, a Trempes poderia ser alçada ao status de “promessa” da “nova música brasileira”, o que mostra o quanto certos rótulos estão mais ligados a círculos sociais do que a questões estéticas. Não perca a conta: Impender é 99º lançamento da Transfusão, que completa 15 anos em 2019. Baixe gratuitamente em transfusaonoiserecords.bandcamp.com

marianaa: Tudo Pro Alto (Charlie Brown Jr.)

Após o lançamento de sdds role lixo (Beira Rio Records, 2018), nossos leitores enviaram dezenas de e-mails pressionando para que a página database.fm/marianaa fosse criada em caráter de urgência para reunir informações sobre o trio ternura de Campos dos Goytacazes. Em outubro, quando Oruã e mari lançaram um split em homenagem à Família Charlie Brown, o database conversou com os envolvidos e reuniu as informações em database.fm/chorao. Leia abaixo o trecho que fala sobre David Dinucci, guitarrista da marianaa.

David Dinucci nunca foi muito fã, mas, por falta de opção, ouvia bastante pela rádio e pela TV. Aos 30 anos, o guitarrista assume o vocal de Tudo Pro Alto: “Foi tudo meio intuitivamente, porque no banco de dados da minha cabeça a música tava ali. É um cover que me senti confortável pra interpretar, porque diz muito sobre mim. Acho que tem tudo a ver comigo, com o espírito jovem que eu tive, compartilhei e ainda tenho um pouco hoje (…) A gente até tentou tocar outras, mas a letra em algum momento ficava confusa. Parece que só dá pra fazer cover do Charlie Brown se for 100% sincero.”

Oruã: Só Por Uma noite (Charlie Brown Jr.)

Oruã e marianaa regravaram dois clássicos do Charlie Brown para o split Marginal Alado. O database conversou com todos os envolvidos e reuniu as informações sobre o tributo em database.fm/chorao. Leia abaixo o parágrafo que fala sobre a relação de Lê Almeida com a banda santista.

Transpiração Contínua Prolongada era um dos 5 CDs que Lê Almeida tinha no início da adolescência, junto com In UteroO Descobrimento do Brasil e outros que ele escutava na casa da avó, onde ficava o único cd player da família. Com o tempo, foi curtindo Charlie Brown cada vez menos, mas sempre admirou a capacidade de emplacar hits em cada disco. Hoje, aos 34 anos, Lê tem outra perspectiva: “Olhando pra trás, eu consigo gostar até mais da banda, e entendo a posição de se manter em atividade (…) E aquele soco na cara foi muito marcante, positivamente.”

Lê Almeida: Um Idiota

Fake news têm espalhado pela web que Lê Almeida foi do shoegaze para o kraut e que Amenidades reúne outtakes inéditos de todas as fases de sua carreira solo. Não é bem assim. As gravações presentes no disco começaram em 2009, ano de lançamento do REVI, EP que foi um divisor de águas na trajetória da Transfusão. Nem tudo é inédito, e algumas canções foram inicialmente compostas para projetos paralelos. Esse lançamento encerra um ciclo na carreira solo de Lê Almeida, que agora pretende trilhar caminhos mais experimentais, sem tantas guitarras e pedais de distorção, conforme informado nesta boa entrevista concedida ao Monkeybuzz.

Oruã: Vitin

A maioria das resenhas tem se limitado a falar sobre as influências de krautrock, free jazz e afrobeat que coincidentemente também são citadas no press release do trio liderado por Lê Almeida. É aí que entra em campo a humildade do database para frisar o óbvio e assim preencher uma lacuna: ao mesmo tempo em que contempla longas viagens aparentemente inspiradas pelas improvisações do selo Sonic Youth Recordings, o repertório do Oruã é repleto de portas de entrada para um público mais abrangente, como viúvas do Kurt Cobain e tiozões fãs de rock setentista, The Doors, Black Sabbath e afins. Entre os momentos mais herméticos, Anátema é o fio da meada que liga Tortoise a Milton Nascimento. Entre as faixas mais pop, Vitin evidencia já nos primeiros acordes a influência do Nirvana.

Coloração Desbotada: Extenso Ambiente

Esse é o primeiro registro solo de Lê Almeida, um dos fundadores da Transfusão Noise Records – selo DIY nascido na baixada fluminense em 2004. Além de ser o título inaugural do catálogo da Transfusão, o EP também marca o início da Pug Records, que prensou uma versão estendida em cassete, em 2010. Sem contrabaixo, Lê sobrepõe camadas de guitarras e não economiza nas microfonias, tornando quase impossível que o ouvinte decifre seus vocais sussurrados. Beijos Cafeinados até flerta com o shoegaze, mas Extenso Ambiente tende para o indie americano, remetendo ao Built to Spill e às melodias arrastadas de Doolittle e Surfer Rosa. Uma canção que nunca sairá do top 10 de músicas gravadas pelo Leandro da Silva Almeida.

Tranfusão Noise Records

Esta página reúne posts relacionados à gravadora Transfusão Noise Records. Qualquer reprodução deve citar o database.fm como fonte. Todo o catálogo da Transfusão está disponível para download em transfusaonoiserecords.bandcamp.com. Mais informações sobre lançamentos e eventos no facebook  e instagram.