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Gumes DATABASE

Texto por Eduardo Bento. Última atualização em 31/05/21
Qualquer reprodução deve citar o DATABASE.FM como fonte.

Resumo: A Gumes é o encontro de Lucas Tamashiro, ex-guitarrista do Raça e Ombu, com três integrantes da goldenloki. A sonoridade não é shoegaze, neo-psicodélica, lo-fi e muito menos rock triste. Então, na falta de tags genéricas, fica temporariamente estipulado o seguinte verbete: a Gumes é uma banda que cria brisas à paisana para fins terapêuticos. O quarteto paulistano estreou em 2018 com o EP bb, sucedido pelo álbum Adorei Você em 2019.


FOTO POR ISABELA YU

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Gumes surgiu na capital paulista em meados de 2016, quando Lucas Tamashiro, ex-guitarrista do Raça e Ombu, conheceu três garotos da goldenloki, Thales Castanheira e os irmãos Otto e Yann Dardenne. Após meses de regravações, pausas e shows esporádicos, eles lançaram bb em agosto de 2018 pela Pug Records. Enquanto muitos abusam de overdubs para forjar maçarocas neo-psicodélicas e atmosferas dream pop, o EP de estreia da Gumes proporciona uma brisa mais à paisana, fruto da simplicidade dos arranjos e da leveza das guitarras.

As canções refletem a busca por equilíbrio nos mais variados aspectos, não apenas no âmbito artístico. Ainda que eventualmente transpareça um sentimento de fúria, tanto os versos quanto os acordes se esforçam para evitar momentos de maior tensão. Entre as influências noventistas, percebe-se uma ascendência emo no primeiro EP, mas, evitando dedilhados rococó e outros cacoetes do gênero, a Gumes caminha vagarosamente, sem galopes e solavancos. Para fins terapêuticos, eles cantam sobre aflições existencialistas e desilusões cotidianas, exploram o silêncio e criam passagens contemplativas capazes alentar os fãs de PELVs, Ulrika Spacek, Yuck e marianaa.

Os posts sobre essa primeira fase renderam comparações com Pavement, Terno Rei, Polara, Built to Spill, Yo La Tengo, Title Fight, American Football e Mac DeMarco. Em um primeiro momento, para não interferir na percepção dos ouvintes, os integrantes evitaram falar sobre suas inspirações, porém, em algumas conversas e entrevistas, acabaram admitindo influência indireta ou semelhanças pontuais com Breeders, The Cure, Smiths, Paralamas do Sucesso, Cartola, The Police, Clube da Esquina, entre outros.

Em setembro de 2019, veio o segundo “disquinho”. Com sete faixas em 25 minutos, Adorei Você recebeu o status de álbum e foi lançado de maneira independente. O som, que nunca foi lo-fi, ficou mais refinado sob os cuidados do produtor Gabriel Arbex. Prosseguindo na inesgotável temática sobre relações interpessoais e diálogos internos, as narrativas estão mais diversificadas, sempre em tom pacífico, abordando laços familiares, frustrações amorosas, reflexões sobre o passado, a busca por sensatez, questionamentos existencialistas, possibilidades passadas e futuras.

Adorei Você soa mais atual, com um tracklist que agrega novos elementos, como sintetizadores, beats e saxofone, além de um clima jazzy meio Homeshake que justifica a produção sofisticada. Mesmo cedendo espaço para outros instrumentos, as guitarras mantém o protagonismo e emanam uma brisa que conecta a Gumes aos americanos Sandy (Alex G), Hovvdy, entre outros nomes da vertente mais noventista do que tem sido chamado genericamente de bedroom pop. Também há semelhanças, talvez involuntárias, com a carreia solo de Marcelo Camelo, que parece ser uma referências para os arranjos de Tamashiro desde os tempos de Raça e Ombu.

Em 2020, o quarteto participou da coletânea Rock Triste Contra o Coronavírus com uma versão para Que Maravilha, composição de Jorge Ben e Toquinho que ganhou ares de Eurosambas, obra-prima do The Gilbertos.

CRÉDITOS: bb foi produzido pela própria banda no Mameloki, estúdio que funcionava na casa dos irmãos Dardenne, e masterizado por Guilherme Chiappetta. Adorei Você foi produzido por Gabriel Arbex no estúdio Fiaca e masterizado por Fernando Sanches no El Rocha. Que Maravilha foi gravado à distância, com takes em casa e no estúdio Fiaca.


TAMASHIRAN

Em 2021, Lucas Tamashiro iniciou carreira solo sob a alcunha de TAMASHIRAN – palavra derivada de uma mutação ortográfica providencial para impedir que buscas no google exibam posts sobre um ex-apresentador do Bom Dia & Cia. Nesta nova caminhada, Tamas está livre para trilhar diferentes caminhos, nem sempre acompanhado pela guitarra e pela melancolia. Com produção de Vivian Kuczynski e lançamento via Radar Balaclava, o single MUNDO é nitidamente inspirado pelo pop contemporâneo, de modo que o resultado soa mais experimental e, ainda assim, tem potencial para atingir um público maior do que os ouvintes de Raça, Gumes e afins. Recomendada para fãs de The Spirit of the Beehive, 1975 e 070 Shake, a faixa de estreia é conduzida por elementos eletrônicos, mas a playlist com influências do projeto vai muito além, reúnindo nomes da MPB que tem influenciado outras canções do disquinho previsto para o final do ano.


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Texto por Eduardo Bento. Esta não é uma página oficial da Gumes, de modo que o autor é o único responsável pelo conteúdo. Qualquer reprodução deve citar o DATABASE.FM como fonte. Primeira postagem em 16 de julho de 2018.