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PELVs DATABASE

Última atualização em 17 de maio de 2020.

Playlist no Spotify: top tracks PELVS

A PELVs nasceu no Rio de Janeiro durante as férias de 1991. Gustavo Seabra, Rafael Genu, VRS Marcos e Dodô Azevedo começaram os ensaios em julho e naquele mesmo ano gravaram a primeira fita demo, sucedida por outras duas já em 1992. Na época, Dado Villa-Lobos, da Legião Urbana, e André X, da Plebe Rude, estavam à procura de bandas para o cast da recém-criada Rock It!, misto de selo (subsidiário da EMI Brasil) e loja de discos no Leblon. No início de 1993, eles haviam lançado a estreia do Second Come e resolveram também investir na PELVs, com prensagem em vinil e distribuição nacional via EMI.

Peter Greenaway’s Surf repete o nome e a fórmula das demos que o antecederam. Composto basicamente por reinterpretações das faixas que circularam em fitas cassete, o repertório trazia um frescor ausente nas guitar bands brasileiras. Em um cenário embrutecido pelo grunge, a PELVs surge conceitualmente praiana, ensolarada mas preguiçosa, com vocais tímidos e guitarras impetuosas em 21 faixas que poderiam render longos parágrafos de comparações com Teenage Fanclub, Pixies, Pavement, Yo La Tengo, Further e Stone Roses. Mais do que a sintonia com o alto clero das gravadoras 4AD, Matador e Creation, o que impressiona nas canções são as estruturas sob medida para frustrar qualquer ouvinte e os arranjos tão esmerados quanto displicentes, com incontáveis lampejos de genialidade em meio ao caos. Entretanto, para aqueles que não conseguiram digeri-lo, Peter Greenaway’s é apenas um desperdício de riffs e melodias em músicas instáveis que terminam no momento errado.

Na década de 90, era de praxe que as bandas alternativas batessem cabeça em estúdios profissionais, onde gravavam com pressa e obtinham resultados aquém do esperado – mesmo quando contavam com a ajuda de produtores bem-intencionados como Kid Vinil, Thomas Pappon e o próprio Villa-Lobos. Com um orçamento simbólico de 90 reais, a PELVs também gravou com pressa, em apenas três dias, mas manteve o esquema caseiro das demos e fez tudo no quarto do Gustavo, num apartamento no bairro do Flamengo, utilizando equipamentos emprestados e um portastudio alugado. Sem a supervisão de nenhum figurão do rock oitentista, os garotos da PELVs, então com uns 20 anos, gravaram em cassete, abusaram de distorções e alcançaram timbres incrivelmente crocantes. Assim nascia uma obra-prima dos anos 90 que merece ser alçada ao status de clássico do lo-fi ao lado de Slanted and Enchanted e Alien Lanes.

O vinil saiu no final de 1993 e no ano seguinte veio a versão em CD com duas faixas bônus. Em 2013, pegando o gancho dos 20 anos do disco de estreia, a PELVS lançou a CAIXA, compilação de demos, covers, sobras de estúdio e outras raridades que estavam sendo lapidadas por Gustavo Seabra desde o final do século passado. Das 68 faixas, distribuídas em quatro discos virtuais, exatamente a metade integra a primeira e mais produtiva fase da banda, incluindo ensaios no estúdio Horizonte na Barra da Tijuca e faixas da quarta demo, Peter Greenaway’s Surf – Winter Version, de 1992, registro inédito até então que fora engavetado após o convite da Rock It! para lançarem um disco “de verdade”.

A CAIXA ainda não chegou ao Spotify, mas pode ser baixada gratuitamente em pelvsmusic.bandcamp.com. Os demais discos estão nas plataformas digitais e disponíveis para download gratuito em midsummermadness.bandcamp.com. Numa empreitada que deve ser vista como um favor à humanidade, o database fez uma playlist no Youtube que funciona como uma coletânea das gravações feitas entre 1991 e 1993, com faixas da CAIXA e do Peter Greenway’s.


Biografia em construção! Nossos radialistas estão preparando um update que vai abordar os outros álbuns: Members to Sunna (1997), Península (2001) e Anotherspot (2006). Enquanto isso, gaste uma onda na página The Cigarettes DATABASE, banda cuja discografia é pontuada por colaborações de Gustavo Seabra, principal mentor e guru da PELVs.

A playlist top tracks: PELVs é um resumo dos quatro álbuns oficiais. Mais informações sobre a banda podem ser encontradas no facebook e na página oficial da PELVs, no site do midsummer e no extinto/desatualizado dying days.

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Texto e playlists por Eduardo Bento. Todos os direitos reservados. Qualquer reprodução deve mencionar o DATABASE como fonte. Esta não é uma página oficial do artista, de modo que o autor é o único responsável pelo conteúdo. Primeira postagem: 18 de dezembro de 2017.