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2020 NÃO ACABOU, 50+ discos segundo a Sereno

POSTADO EM 05/02/2021
Por Victor e Vinícius Damazio

Em 2006, os linguistas responsáveis pelo Dicionário Oxford chegaram a conclusão que “tempo” era o substantivo mais comum da língua inglesa. A descoberta não surpreende. A ordenação dos segundos, minutos e horas dos dias é uma das grandes invenções da história da humanidade, talvez a mais perene de todas.

Com o início da pandemia e a paralisação de todos os marcos do cotidiano, há um novo vento temporal soprando em nós. O tempo da pandemia. Desde que a crise começou em março do ano passado, o tempo se arrastou como se algum ser superior tivesse inserido um ano bissexto no meio de 2020. Não um 29 de fevereiro, mas um ano inteiro no qual estamos perdidos desde então.

Todo esse blá-blá-blá, que parece surrupiado de uma palestra do Leandro Karnal, é uma desculpa esfarrapada para publicarmos uma lista de melhores do ano em fevereiro? Talvez, quem sabe. 🙂

Mas, nos dê um desconto, vai. Discos de julho parecem ter saído há quase um ano, shows de fevereiro do ano passado parecem ter acontecido em 2019. Para piorar, uma enxurrada de relançamentos inimagináveis do passado (G.I.S.M! Grave New World! Blaze! Human Gas!) exacerbaram essa distorção de tempo ao máximo. E, vale a confissão, foi duro resistir a tentação de esperar o caos acabar escondido num bunker com todas as minhas cópias do DETESTation.

Mas, chega de enrolação e vamos ao que interessa: reunimos para o DATABASE.FM os discos de 2020 que trilharam a vida e quarentena da Sereno. Música não é campeonato de tênis, para ter ranking. Mas acreditamos que uma hipotética lista dos grandes discos daqueles 12 meses não poderia deixar esses daqui de fora.

Tentamos fazer a lista da maneira mais didática possível, já que lançar um monte de nomes sem dar nenhuma descrição é inútil. A relação está numa vaga ordem decrescente de preferência: começando pelos queridos do coração, e seguindo por menos ouvidos, mas não menos amados.

Esperamos que encontre algo para você!


Military Shadow – Blood for Freedom
(F.O.A.D. Records)
Japão l Speed metal, hardcore
Para fãs de: POISON ARTS, AION

Furioso demais para ser metal, habilidoso demais para ser punk. O caos sonoro do Military Shadow une ingredientes de tradição do som japonês oitentista: speed metal, produção bruta, hardcore e refrãos vitoriosos à la Burning Spirits, tudo embalado por uma estética de terror nuclear do crust punk. Adicione letras apocalípticas e dobradinhas de guitarra em abundância, e você tem uma receita infalível. Um disco feito sob encomenda para mim.

Ouça nossas favoritas: “Wind Of Death”, “Bloody Leather”, “Freedom”


Dame – Dame
(Beach Impediment Records)
EUA l Post-punk, goth rock
Para fãs de: Ghost Dance, Tožibabe

Há muito tempo eu não ansiava tanto um disco de estreia. Para os padrões do underground, os cinco anos que separaram a primeira fita demo do Dame e esse álbum pareceram uma eternidade. A espera valeu a pena. As melodias são lindas, e a maneira romântica e decidida como Diana Damewood canta as letras foge da pieguice e comiseração que costumam contaminar todos os vocalistas de punk gótico. Ao vivo parece ser de chorar.

Ouça nossas favoritas: “Bubble Baby”, “Mensrea”, “Ersatz”


Cry Out – More Echoes of a Question Never Answered… Why?
(La Vida Es Un Mus Discos)
Canadá l Anarcho-punk, peace punk
Para fãs de: Crass, Poison Girls

Se você acompanha a cena punk, provavelmente conhece a história em torno desse disco, mesmo que indiretamente: a canadense Rosie Davis (Zygome, Vixens) morreu no meio das gravações e o selo La Vida Es Un Mus contou com o apoio dos familiares para concluir um lançamento póstumo. Tudo é obviamente inspirado na era de ouro do anarcopunk inglês, mas as gravações bem intimistas e DIY dão um charme único ao projeto. Descanse em paz, Rosie.

Ouça nossas favoritas: “Your Shame Not Mine”, “Garden Song”, “Fucked Silly”


Lamp of Murmuur – The Burning Spears of Crimson Agony
(Black Gangrene Productions)
EUA l Black metal
Para fãs de: Gehenna, Les Légions Noires

Dois mil e vinte foi possivelmente o melhor ano para o black metal que vivi desde que era moleque. Skravl, Häxanu, Fanebærer, Carved Cross, Old Forest e mais uma infinidade de bandas (algumas que você verá a seguir) lançaram discos que merecem a sua atenção. No entanto, essa demo do Lamp of Murmuur larga na frente por combinar riffs quase melódicos e arranjos detalhados com uma produção “necro” ideal, evocando o melhor da segunda geração norueguesa e LLN. Recomendado para iniciados.

Ouça nossas favoritas: “A Burning Spear To The Heart Of Dawn (Part II)”, “A Burning Spear To The Heart Of Dawn (Part I)”, “Eternally Banished To Agony”


ana paia – vc n sabe como eu sou
(n/a)
Brasil l Emo, lo-fi
Para fãs de: girl in red, flatsound

Após dois ótimos singles que contavam com produção luxuosa e banda completa, ana paia decidiu se arriscar num EP todo gravado em casa, só de guitarra e voz (e o violão tímido ocasional). O resultado foi vc n sabe como eu sou, que mostra um capricho sensível nas composições e arranjos, provando que o emo caseiro pode ser mais que melodrama sem filtro.

Ouça nossas favoritas: “sexta a tarde”, “é mais fácil falar quando não te vejo”, “coisas que me fazem mal”


Balmog – Pillars of Salt
(BlackSeed Productions)
Espanha l Black metal
Para fãs de: Watain, Deathspell Omega

Opressão, misticismo e Watain: o último lançamento dos espanhóis do Balmog é composto por uma única faixa que bebe das fontes menos ortodoxas do black metal. Para os não iniciados, aqui não tem só ódio e morbidez: são quase vinte minutos de momentos psicodélicos e nuances inesperadas formando uma parede densa de sons delirantes. Um pesadelo lisérgico.

Ouça nossas favoritas: “Pillars of Salt”


Triángulo de Amor Bizarro – S/T
(Mushroom Pillow)
Espanha l Indie rock, post-punk
Para fãs de: New Order, Ringo Deathstarr

Guiados pelos golpes incessantes de Rafael Mallo no seu bumbo Ludwig, o Triángulo caminha pelo industrial, new wave, shoegaze e pós-punk com uma determinação invejável. A mescla de estilos díspares parece que pode desandar a qualquer momento, mas também prende toda sua atenção.

Ouça nossas favoritas: “Vigilantes del Espejo”, “ASMR para Ti”, “Acosadores”  


蘭図 [Rands] – 茹でた隠元豆のある柔らかい構造 [Yudeta Ingenmame no Aru Yawarakai Kōzō]
(YOKE AGAIN RECORDS)
Japão l Punk rock, visual kei
Para fãs de: KUROYUME, sads

A pandemia não mata só pessoas, mata bandas também. E uma das últimas esperanças de vida inteligente no visual kei foi embora junto com o Rands, banda novata que implodiu após uma sequência brilhante de lançamentos, especialmente esse último EP. Não vou contar muitos detalhes para não estragar a surpresa, mas a faixa-título inclui referências ao quadro “Construção mole com feijões fervidos” de Dalí, KUROYUME e a um famoso clipe com garotas de torcida vindo de Seattle. Pena que não durou mais.

Ouça nossas favoritas: “Yudeta Ingenmame no Aru Yawarakai Kōzō”, “晩鐘 [Banshō]”, “Bedlamは遊園地 [Bedlam wa Yuenchi]” 


Sweven – The Eternal Resonance
(Ván Records)
Suécia l Death metal, progressive metal
Para fãs de: Atheist, Opeth

Uma continuação espiritual do Morbus Chron, The Eternal Resonance marca o debute de um novo projeto liderado pelo vocalista e guitarrista Robert Andersson (que também fez as vezes de canário durante a reunião do Entombed em 2016). O álbum é mais paciente e progressivo, mas nem por isso menos pesado. Estreia espetacular.

Ouça nossas favoritas: “Solemn Retreat”, “By Virtue of a Promise”, “Reduced to an Ember”


errant – errant
(Manatee Rampage)
EUA l Post-metal, alternative rock
Para fãs de: Immortal Bird, Failure

Como líder do Immortal Bird e do Thrawsunblat, Rae Amitay já está envolvida em duas bandas que ultrapassam constantemente os limites do metal puro. Ainda assim, em sua estreia solo, ela passa pelo black metal, rock alternativo, doom, post-metal e praticamente qualquer outro estilo de música pesada de uma maneira que desafia categorização. Tudo isso em apenas quatro músicas, incluindo uma versão fiel de “Saturday Saviour” do Failure. Que venha o álbum.

Ouça nossas favoritas: “Saturday Saviour”, “A Vacillant Breath”, “The Amorphic Burden”


Envy – The Fallen Crimson
(Mushroom Pillow)
Japão l Screamo, post-rock
Para fãs de: Saetia, The Saddest Landscape

Com a saída do vocalista Tetsuya Fukagawa em 2016, tudo parecia acabado para o Envy. A banda jurou continuar e até fez um show com convidados, mas a coisa toda não era promissora. Uma dança das cadeiras na formação levou dois outros integrantes, mas trouxe o frontman de volta para The Fallen Crimson. O álbum nasceu no meio de toda essa confusão e incerteza, mas confirma que o Envy continua violento, emotivo e estranhamente motivacional, como sempre foi em seus melhores momentos.

Ouça nossas favoritas: “Swaying leaves and scattering breath”, “Rhythm”, “Marginalized thread”


THE DEAD PP STARS – Stream
(Anarchist Records)
Japão l Hard rock, punk rock, visual kei
Para fãs de: かまいたち [Kamaitachi], EARTHSHAKER

Enquanto um novo álbum não chega, só resta nos contentar com esse EP do d.p.s tocando em loop constante para acalmar a ansiedade. Duas inéditas e duas regravações que reafirmam o que KENZI e seus comparsas sempre fizeram de melhor: aquela receita perfeita de metal e punk melodioso que apenas uma banda da cena visual dos anos 90 poderia conjurar. A baladinha “赤い糸~I&YOU~ [Akai Ito~I&YOU]” é de marejar os olhos.

Ouça nossas favoritas: “赤い糸~I&YOU~ [Akai Ito~I&YOU~]”, “Stream”, “THE ALL NEW GENERATION”


Straw Man Army – Age of Exile
(D4MT Labs Inc Neurosonic Research)
EUA l Post-punk, anarcho-punk
Para fãs de: Zounds, Crisis

Lançado pela D4MT Labs Inc Neurosonic Research, selo responsável pelos discos do Kaleidoscope, Age of Exile importa a raiva e a angústia do anarcopunk inglês para o solo americano, sob a ótica do genocídio dos povos nativos na esteira da expansão europeia e colonização do que hoje é conhecido como os Estados Unidos. Todo o lucro será revertido para a causa indígena Red Nation (que você pode conhecer melhor aqui). Audição obrigatória.

Ouça nossas favoritas: “Option Despair”, “Amnesia”, “Common Shame”


LiFE – Ossification of Coral
(Not Enough)
Japão l Hardcore, crust punk
Para fãs de: LIP CREAM, BASTARD

Somente o LiFE poderia escrever todo um disco em torno da destruição dos recifes de corais. Formada em meados dos anos 90, a banda permanece como uma ponte entre o hardcore japonês clássico e o crust punk político inglês. O título faz referência à realocação da base militar americana em Okinawa, contra a vontade dos locais, que iria impactar o ecossistema do arquipélago e afetar um conjunto de recifes. Produção musculosa, letras de protesto e riffs mágicos herdados do BASTARD. Um clássico moderno.

Ouça nossas favoritas: “The end of mother nature”, “Endure every day”, “Leaning balance”


Cryptic Shift – Visitations from Enceladus
(Blood Harvest)
Inglaterra l Technical death metal
Para fãs de: Vektor, Obliveon

Os ingleses do Cryptic Shift unem a destreza do thrash metal hiperativo com o lado mais cósmico do death metal. Algo como o cruzamento do Vektor com o Timeghoul. Vocais pútridos, passagens intrincadas, temática especial. Um álbum de estreia meticuloso, que não só emula elementos do passado como muitas bandas recentes e bem sucedidas tem feito, mas encontra um balanço original entre a complexidade instrumental e o peso cavalesco. De cair o queixo.

Ouça nossas favoritas: “Moonbelt Immolator”, “The Arctic Chasm”, “(Petrified In The) Hypogean Gaol”


Cicada Killer – The Cicada Killer Demos
(Hector’s Records)
EUA l Folk, soft rock
Para fãs de: Elliott Smith, Nick Drake

Descobri o Cicada Killer de uma forma inusitada, em um vídeo do VWestlife testando um tapedeck velho que mais parece um equipamento da NASA. Para não tomar pau do sistema de direitos autorais do YouTube, ele botou essa K7 para tocar, que me cativou na mesma hora. The Cicada Killer Demos é um prato cheio para amantes de folk setentista. Boa promessa jovem para os anos que virão.

Ouça nossas favoritas: “Catch the Sun”, “Ben’s Garden”, “Wrong Turn”


Chronophage – th’pig’kiss’d album
(Cleta Patra Records)
EUA l Kiwi rock, post-punk
Para fãs de: Swell Maps, Pavement

Junte elementos do pop excêntrico da Nova Zelândia, a aspereza do pós-punk inglês e o que há de mais lo-fi no catálogo da Homestead, e o resultado deve ser próximo a esse álbum. Apesar de todas essas referências do passado, o Chronophage me lembra a maneira como o Milk Music consegue capturar influências do passado e reformular tudo sob uma roupagem pessoal, mas num espectro totalmente diferente do indie rock. Indique para aquele amigo que não cansa de defender as bombas que o Stephen Malkmus lança todo ano.

Ouça nossas favoritas: “Siren Faraway”, “Animated Rose”, “Heartstone”


MEIN KAMPF – DEATHRASH METAL NEVER DIE!!
(HAUNTED HOUSE)
Japão l Speed metal, visual kei
Para fãs de: AION, X JAPAN

Explosões, violência, penteados que desafiavam a gravidade. A cena punk/metal japonesa dos anos 80, que eventualmente resultou no visual kei, era uma intensa competição de quem conseguia gerar mais controvérsia. E nada mais extremo (e burro, diga-se) do que batizar sua banda com o nome MEIN KAMPF. Eles não duraram muito, por motivos óbvios, mas seus membros integraram bandas lendárias como AION, COLOR e X. DEATHRASH METAL NEVER DIE!! celebra esse legado com o registro de um show de reunião de 2019, tão cru e energético como as gravações originais. De quebra, você ainda ganha faixas bônus resgatadas direto de 1985. Indicado para versados.

Ouça nossas favoritas: “WARNING FOR YOU”, “SPEEDER!!”, “DRUG QUEEN”


PC WORLD – PC WORLD
(Wasted Tapes)
Austrália / Inglaterra l EBM, coldwave
Para fãs de: D.A.F., Multiple Man

Duo formado por um australiano (William Deacon, vocais) e um britânico (Ryan Bellet, sintetizadores), o PC WORLD soa como se o John Lydon tivesse transformado o Public Image Ltd em um projeto EBM. As quatro músicas desse EP combinam os graves pulsantes do estilo com o drama do punk e a precisão do industrial.

Ouça nossas favoritas: “RUNNING MAN”, “THE DRIFT”, “NEXT IN LINE”


Hedvig Mollestad – Ekhidna
(Rune Grammofon)
Noruega l Jazz-rock
Para fãs de: Elephant9, Mahavishnu Orchestra

Depois de cinco discos celebrados em trio, a guitar hero norueguesa Hedvig Mollestad colocou sua antiga banda de molho para criar um sexteto que desse conta de suas aspirações roqueiras. Ekhidna é o resultado e os seus melhores momentos não fariam feio perto de clássicos do fusion setentista. Jazz para quem não tem medo de barulho.

Ouça nossas favoritas: “Antilone”, “A Stone’s Throw”, “One Leaf Left”


VoidCeremony – Entropic Reflections Continuum: Dimensional Unravel
(20 Buck Spin)
EUA l Technical death metal
Para fãs de: Morbid Angel, Horrendous

Ascended Dead, Chthe’ilist, StarGazer, Funebrarum e mais 30 outros nomes. O curriculum vitae de cada integrante do VoidCeremony é tão extenso que você provavelmente teria uma banda de death metal para cada letra do alfabeto. Entropic Reflections Continuum… é o resultado de todo esse pedigree de estrelas do undeground, cujo trabalho encapsula o muito do melhor que é feito no tech-death moderno.

Ouça nossas favoritas: “Abandoned Reality”, “Empty, Grand Majesty (Cyclical Descent of Causality)”, “Blinded to Unusual Existence”


Kürøishi – Sound the Alarm
(SPHC Records)
Finlândia l D-beat, crust punk
Para fãs de: CRUDE, Wolfbrigade

Enquanto o LP de estreia do Kürøishi tinha como ponto de partida uma mistura de Tragedy com Wolfbrigade, Sound the Alarm triplica a quantidade de solos de guitarra e passagens melódicas, em clara referência ao hardcore clássico japonês e ao próprio metal dos países nórdicos. A arte de capa assinada pelo lendário Akihiko “Sugi” Sugimoto é a cereja do bolo.

Ouça nossas favoritas: “Black Lung”, “Numbers & Asteroids”, “Too Damned to Be Dead”


VOLCANO – GODSPEED
(Metallic Core)
Japão l Thrash metal
Para fãs de: AION, Gargoyle

Após anos desovando um álbum atrás do outro, o VOLCANO resolveu tirar férias um pouco mais longas antes de gravar seu novo trabalho e o resultado não poderia ser melhor. GODSPEED reconecta a banda ao metal mais clássico e melódico, com origens na cena visual kei, deixando um pouco de lado as influências extremas dos últimos lançamentos. Pode repetir mais uns três desse aí!

Ouça nossas favoritas: “Salvage Sun”, “Grief”, “Into the Flame”


Adrianne Lenker – songs / instrumentals
(4AD)
EUA l Folk, ambient
Para fãs de: Julie Byrne, Julien Baker

De férias forçadas do Big Thief, Adrianne botou a viola no saco, alugou uma cabana nas montanhas de Massachusetts e decidiu gravar o que desse na telha. Mesmo com a energia elétrica precária da região queimando quatro máquinas de fita, o resultado foram dois álbuns que soam como perspectivas diferentes da mesma história: o primeiro de letras e dedilhados minuciosamente calculados; e o segundo dos sons acidentais de sinos e da natureza nas colagens sonoras.

Ouça nossas favoritas: “anything”, “two reverse”, “zombie girl”


Profit Prison – Dreams of a Dark Building
(AVANT! Records)
EUA l Coldwave, synth-pop
Para fãs de: Lust For Youth, Das Ding

Duas coisas inusitadas do Profit Prison: o homem por trás dos sintetizadores, Parker Lautensleger, teve inúmeras bandas de hardcore, death doom e harsh noise; e esse EP parece um clássico da coldwave perdido desde os anos 80, capaz de criar imagens tão lúdicas quanto fantasmagóricas em suas canções. Frieza e introspecção levada para a pista de dança.

Ouça nossas favoritas: “120 Days”, “Ghosts of 20th Century Fame”, “Her Glance Alone Invests Us in a Robe of Light”


THE SAVAGES – 灯火を携えて -We Carry The Light- [Tomoshibi wo Tazusaete -We Carry The Light-]
(BREAK THE RECORDS)
Japão l Punk rock, pop punk
Para fãs de: THE BLUE HEARTS, BALZAC

A profecia se repete mais uma vez. O pop punk é uma instituição que nunca falha em entregar ao menos um clássico indiscutível por ano e em 2020 o troféu é do THE SAVAGES. Eles se dizem influenciados por Upright Citizens e a cena UK82, mas o som me lembra os momentos mais melodiosos do RVIVR e os refrãos chicletes do BLUE HEARTS.

Ouça nossas favoritas: “VOICE”, “Fade Away”, “LIE”


Destruct – Echoes of Life
(Grave Mistake Records)
EUA l D-beat, crust punk
Para fãs de: Svart Framtid, Bastard

Não sei se foi o caos da pandemia ou a grande quantidade de lançamentos no primeiro semestre, mas não vi muita gente falando sobre uma das gratas surpresas do ano: a volta do selo americano Grave Mistake com a estreia em vinil do Destruct. Levadas rápidas e riffs monstruosos, informados por todos àqueles clássicos escandinavos, ingleses e japoneses que você já imagina. Sem frescuras, sem truques.

Ouça nossas favoritas: “Inevitable”, “(Symbols of) Human Failure”, “Onward to Collapse”


Riki – Riki
(Dais Records)
EUA l Synth-pop, dark wave
Para fãs de: Xymox, Neue Deutsch Welle

Produzido pelo conceituado Matia Simovich (INHALT), o debute solo de Niff Nawor foge do deathrock de sua antiga banda, Crimson Scarlet, para cair de cabeça no synth-pop dançante. São oito hinos que retém a atmosfera gótica do seu passado, mas sob uma roupagem que deve mais à Mylène Farmer (fase Ainsi soit je…) ou a encarnação mais synth-pop do Xymox. Uma joia.

Ouça nossas favoritas: “Strohmann”, “Monumental”, “Böse Lügen (Body Mix)


Korrosive – Hiroshima
(Manic Noise)
EUA l Hardcore
Para fãs de: Kaaos, Riistytyt

Há 75 anos, a primeira das duas únicas ogivas nucleares usadas numa guerra explodiu sobre Hiroshima. A certeza de que o mundo segue sob a sombra desse crime quase um século depois foi o que inspirou esse flexi-disc do Korrosive. Eles estão certos, na prática, nada mudou. Neste momento, há 3.720 artefatos para detonarem no mundo, 1.800 deles em alerta máximo, podendo ser disparadas a qualquer momento. “Nuclear nightmare never ends / atomic warfare never again”.

Ouça nossas favoritas: “Hiroshima”


The Gerogerigegege – Piss Shower Girlfriend
(F.O.A.D. Records)
Japão l Harsh noise
Para fãs de: Masonna, Incapacitants

Tfw no piss shower girlfriend.

Ouça nossas favoritas: “Piss Shower Girl, You’ll Be a Woman Soon”, “Discipline(Throbbing Gristle)”, “Anal Destroyer”


Smokescreens – A Strange Dream
(Slumberland Records)
EUA l Jangle pop, indie rock
Para fãs de: The Go-Betweens, Felt

Caminhando entre o jangle pop e o indie rock velvetiano da Flying Nun Records, A Strange Dream do Smokescreens traz a marca registrada do chamado “Dunedin sound”: vocais difíceis de distinguir, guitarras lesco-lesco e baterias minimalistas. David Kilgour, líder do lendário e pouco lembrado The Clean, comanda a produção e garante a certificação ISO 9000 da empreitada.

Ouça nossas favoritas: “I Love Only You”, “Working Time”, “Streets of Despair”


Kaleidoscope – Decolonization
(D4MT Labs Inc Neurosonic Research)
EUA l Punk rock
Para fãs de: Arab On Radar, Catholic Discipline

Se você curtiu o Straw Man Army ali em cima, essa é a sua próxima parada nessa lista. Banda principal do selo D4MT Labs Inc Neurosonic Research, o Kaleidoscope também aborda temas como colonização, ganância e imperialismo, mas sob uma roupagem sonora mais aliada ao punk tradicional. As guitarradas psicodélicas do também vocalista Shiva Addanki são o diferencial.

Ouça nossas favoritas: “Girmitiya”, “Decolonization”, “Volunteer Armies”


THE TITS – 狂乱危胸 [Kyōran Oni Mune]
(POGO 77)
Japão l D-beat, noisecore
Para fãs de: Confuse, Gai

O segundo álbum de uma das bandas mais barulhentas atualmente. Mergulhado em montanhas de microfonia e distorção, o som do THE TITS é o tipo de coisa que não poderia ter surgido em outro lugar que não fosse o Japão. O negócio é tão bom para ser verdade que muita gente traumatizada com o que aconteceu com o ZILEMMA, que largou o hardcore para tocar um poperô safado, vai se repetir com o THE TITS. Morte aos posers.

Ouça nossas favoritas: “VOMIT”, “SEX JANKY”, “IN YOUR HEAD”


Dogleg – Melee
(Triple Crown Records)
EUA l Emo, post-hardcore
Para fãs de: Title Fight, Joyce Manor

Certamente o melhor lançamento de 2020 para armar rodinhas desajeitadas e dar berros desafinados com algum semblante de palavras inteligíveis. Um álbum que começa com “Kawasaki Backflip” corre o risco de queimar a largada, mas os moleques do Dogleg conseguem entregar a mesma energia juvenil faixa após faixa.

Ouça nossas favoritas: “Kawasaki Backflip”, “Hotlines”, “Wrist”


Deep Tissue – Patience of Fear
(Play Alone Records)
EUA l Deathrock, post-punk
Para fãs de: Sisters of Mercy, Throwing Muses

Patience of Fear pretende ser um disco gótico, mas contra a complacência melancólica dos darks, o Deep Tissue injeta riffs viscerais e reverb aos montes para fazer tudo soar muito mais pesado do que deveria. A vocalista Lauren Leilani Iona canaliza, claro, Exene Cervenka e Siouxsie Sioux em alguns momentos, mas sob ritmos tão sinistros quanto poderosos. Soturno na medida certa.

Ouça nossas favoritas: “Mood Swing”, “Despair”, “Condolences”


Eins:Vier – five sights
(LIZARD NEO)
Japão l Alternative rock, visual kei
Para fãs de: LUNA SEA, Blüe

Há pouco mais de 20 anos, o visual kei reinava no Japão. Nesse período, o Eins:Vier foi uma das muitas bandas independentes que alcançaram um lugar ao sol numa grande gravadora, como ROUAGE, Lastier, Sleep My Dear e inúmeras outras que atingiram certo sucesso e implodiram logo que a maré mudou. O EP five sights marca a primeira vez que eles lançam material inédito desde a encarnação original e as músicas novas soam como uma continuação natural do passado, como se nem um dia tivesse passado.

Ouça nossas favoritas: “Come on loser”, “100年の幻想 [100-Nen no Gensō]”, “I mean what I say”


Lebenden Toten – Synaptic Noise Dissociation
(Iron Lung Records)
EUA l Noisecore
Para fãs de: Confuse, Gai

Álbuns ao vivo são uma tradição defendida a ferro e fogo pelos responsáveis por essa lista, que cresceram ouvindo Kiss Alive e Live at Last todo dia. Synaptic Noise Dissociation protege esse legado com orgulho, servindo tanto como um cartão de visitas perfeito para a obra do Lebenden Toten, quanto um convite urgente ao otorrino mais próximo. Vinte cinco minutos de barulho e microfonia desorientadoras. Noise é o caminho, afinal.

Ouça nossas favoritas: “Stactic #1”, “Near Dark”, “Commodities”


Blinding Glow – U.X.O.
(Speed Creamer Cassettes)
EUA l D-beat, hardcore
Para fãs de: Kohti Tuhoa, Subversive Rite

Quatro músicas em seis minutos. É tempo o suficiente para dar o recado se você nunca abaixou o metrônomo para menos de 160 BPM, o que parece ser o caso do Blinding Glow. Gravação clara, vocais distorcidos, riffs de dar inveja. Quando você se der conta, já estará ouvindo as mesmas músicas no repeat há quase meia hora.

Ouça nossas favoritas: “Complicit Silence”, “Pawns”, “Apologist”


The Microphones – Microphones in 2020
(P.W. Elverum & Sun)
EUA l Experimental rock
Para fãs de: Neutral Milk Hotel, Daniel Johnston

Encarei a “volta” do Microphones com algum ceticismo. O que Elverum poderia lançar que justificasse o uso do pseudônimo 17 anos depois? Bastou dar o play e, imediatamente, tudo faz sentido: aquela mesma jogada de violão de “The Pull”, os acordes pulando de um lado pro outro do fone. E assim se segue pela faixa de 44 minutos: a guitarra barulhenta abrupta, o canto falado, a bateria comprimida…. Um retorno justificado.

Ouça o álbum: “Microphones in 2020”


Sister Anne Left Behind
(n/a)
EUA l Punk rock
Para fãs de: MC5, JJ Doll 

Em 2017, a primeira fita demo Sister Anne entrou em nosso top 10 por continuar a missão do JJ Doll de combinar classic rock com punk acelerado. Nessa nova cassete, elas já não parecem mais uma versão do Thin Lizzy sob anfetaminas e o lado punk praticamente dominou o som da banda, o que é uma pena. Mesmo assim, as músicas continuam furiosas e memoráveis, graças aos vocais melodiosos da Carla Wolff. Música para brigar.

Ouça nossas favoritas: “Fiend”, “Left Behind”, “Got the Juice”


Anna Högberg Attack Lena
(Omlott)
Suécia l Free jazz
Para fãs de: Peter Brötzmann, Archie Shepp

Como no disco de estreia do Attack (lançado em 2016), Anna Högberg toma o free jazz americano e europeu dos anos 60 – pense em nomes como Albert Ayler, Ornette Coleman e Peter Brötzmann – como ponto de partida para as composições de Lena. O que diferencia esse disco de outros projetos parecidos é a maneira como Anna justapõe improvisações explosivas com material estritamente escrito e ensaiado. Entre muitos destaques, a saxofonista Elin Forkelid leva o prêmio de Craque da Partida com um solo insano em “dansa margit”.

Ouça nossas favoritas: “dansa margit”, “tjuv”, “pappa kom hem”


Damian Hamada’s Creatures 旧約魔界聖書 第I章 [Kyūyaku Makai Seisho Dai I-shō]
(BMG Japan)
Japão l Power metal
Para fãs de: 聖飢魔II [Seikima-II], SHOW-YA

Ele não está nas capas de discos e nem foi fotografado para os encartes, mas Damian Hamada foi determinante para a construção da sonoridade e de toda mitologia em torno do Seikima-II. Após décadas longe dos holofotes, ele está de volta, de peruca “Rapunzel” e tudo, com um novo projeto baseado na profecia do Makai e a extinção da humanidade. Pelos clipes, Damian parece não ter tocado uma nota, mas a banda inclui gente talentosa que passou pelo Gerard, Ningen Isu e Kinzoku-Yebis, e as músicas têm a assinatura sonora dele. Só não precisava ter retocado tanto os vocais assim… Ideais demoníacos, falhas humanas.

Ouça nossas favoritas: “Babel”, “Running Like a Tiger”, “Lady Into Devil”


Ichiko Aoba – Adan no Kaze
(hermine)
Japão l Chamber folk, ambient
Para fãs de: Joanna Newsom, Weyes Blood

Celebrando os dez anos de sua carreira e a criação do novo selo, hermine, Ichiko introduz arranjos diversificados que fogem da sua já conhecida fórmula de violão e voz. O som calmo e brando, sua marca registrada, é acompanhado por cordas, glockenspiel, piano e até mesmo guitarra. O resultado é uma jornada sonora com qualidades cinemáticas, uma trama que hipnotiza o ouvinte.

Ouça nossas favoritas: “Porcelain”, “Easter Lily”, “Sagu Palm’s Song”   


The Mall – Zone
(Fixed Grin Records)
EUA l Darkwave, synth punk
Para fãs de: Front 242, Multiple Man

O currículo extenso com passagens por uma infinidade de bandas do underground americano pode ter dado um empurrãozinho, mas o que motivou mesmo Mark Plant (Nibiru, Dentist, Times Beach) a começar esse projeto solo eletrônico foi conseguir o domínio “punk ponto Bandcamp ponto com”. O The Mall é puro darkwave dançante, mas sob um ethos punk. Imagine um maluco berrando sob mil camadas de reverb, enquanto teclados analógicos explodem em volume máximo, e você não estará muito longe do resultado.

Ouça nossas favoritas: “An Answer”, “Turing Machine”, “Function”


The Cowboy – WiFi on the Prairie
(Feel It Records)
EUA l Garage rock, post-punk
Para fãs de: Wipers, Hüsker Dü

Nos últimos anos, o nome do Wire apareceu tantas vezes em resenhas de bandas novas, especialmente as americanas, que criei uma tremenda antipatia com qualquer descrição que falasse em “riffs angulares” e “ritmos obtusos”. Esse disco do The Cowboy tem sido descrito da mesma forma, mas o som me parece mais calcado no pós-punk e rock independente americano, de bandas como Wipers, Minutemen ou Pavement do início de carreira (especialmente nas longas introduções de “New Moon Tune” e “Trippy Movies”).

Ouça nossas favoritas: “Do Your Best”, “New Moon Tune”, “Crazy World”


Maggot Heart Mercy Machine
(Rapid Eye Records)
Alemanha l Noise rock
Para fãs de: Shannon Wright, The Jesus Lizard

Talvez você se lembre do nome de Linnéa Olsson se ouviu o único álbum do The Oath, seu duo doom metal com a vocalista Johanna Sadonis do Lucifer no início da década passada. Maggot Heart, seu projeto solo, não tem nada de arrastado e parece tomar como referência o catálogo do selo americano Touch & Go, especialmente os discos do Jesus Lizard. A arte de capa incrível, bem ao estilo do Voivod, é obra de Kristian Valbo, baterista do Obliteration.

Ouça nossas favoritas: “High Rise”, “Second Class”, “Gutter Machine”


illya Microcosmos
(SPHC Records)
Japão l Hardcore, thrash metal
Para fãs de: JUDGEMENT, Nightmare

A SPHC Records descreveu o novo álbum do illya, Microcosmos, como “uma tentativa de fazer algo épico como DEATH SIDE, energético como o CRUDE e furioso como o BASTARD”. Só não mencionaram o que parece nortear o som da banda: os vocais esganiçados de Yokoyama e o tom lúgubre dos riffs, que tem mais de metal do que hardcore. Goste ou não do illya, não dá para negar: é uma banda com ambição e sonhos altos. E, mesmo que as músicas não tenham alcançado tanto, Microcosmos é um grande feito.

Ouça nossas favoritas: “Burning Heart, Burn the World”, “Across the Disorder”, “Live Together Fight Together”


Kommodus – Kommodus
(GoatowaRex)
Austrália l Black metal
Para fãs de: Hemlock, Drowning The Light

Embora o Kommodus não esteja reinventando a roda do estilo, as músicas desse álbum contam com breakdowns que parecem surrupiados do Integrity ou Cro-Mags. Não há tantas bandas de black metal tradicional, e não de blackened punk (essas existem até demais…), influenciadas por NYHC por aí, o que faz o Kommodus soar mais combativo do que escapista. A trilha-sonora perfeita para sua ”satanic power lifting”.

Ouça nossas favoritas: “Where Iron and Blood Converge”, “Forged Between the Hammer and Anvil”, “And the Nephilim Carve Out A New World”


Silent Era – Rotate the Mirror
(Nervous Intent Records)
EUA l Punk rock, NWOBHM
Para fãs de: Post Regiment, Upright Citizens

O Silent Era parece fruto de um parodoxo temporal: imagine se os punks tivessem abraçado a NWOBHM logo em 1980 e não adiado a aproximação até os anos do crossover. Apesar das guitarradas quase metaleiras, a magreza da produção e a voz melódica de Michelle Hill (que foi guitarrista numa formação tardia das Slits) mantém a banda com os dois pés no punk. Membros que passaram pelo Neon Piss, The Grumpies, Vaaska e Deskonocidos completam a formação.

Ouça nossas favoritas: “Dirge for the Pacifist”, “Heart Lay Down”, “Future Yes”


UZI – Cadena de Odio
(Adult Crash Records)
Colômbia l Hardcore, punk rock
Para fãs de: Casualties, Muro

Apesar da arte de capa parecer algo que ilustraria um disco perdido do punk japonês oitentista, o UZI faz um hardcore “tupa-tupa” direto de Bogotá, que parece uma versão mais eficiente e profissional dos americanos do Exotica. As letras são em espanhol e o som não muito distante do Muro, onde alguns dos integrantes também batem ponto. O elemento surpresa está nos licks melódicos de guitarra, que não fariam feio num disco do Casualties.

Ouça nossas favoritas: “Planeta Inviable”, “Predicando el odio”, “La vida que quieres”


Blood Star – The Fear
(Shadow King Records)
EUA l Speed metal, NWOBHM
Para fãs de: Satan’s Hallow, Iron Maiden

Ainda mais contagioso do que a pandemia do Covid-19 é o surto das bandas de metal retrô nos últimos anos. O diferencial do Blood Star é a vocalista Madeline Smith, a única novata do grupo (membros do Spell e Visigoth completam a formação), que leva a mistura de Iron Maiden (fase Powerslave) e speed alemão a um patamar mais alto que outras bandas contemporâneas. Pena que são somente duas músicas.

Ouça nossas favoritas: “The Fear”, “Tortured Earth”


Star Party – Demo 2020
(Feel It Records)
EUA l Indie pop
Para fãs de: Times New King, Peach Kelli Pop

Difícil lembrar um ano com tantas bandas de quarto quanto 2020. Formado pelo duo Carrie Brennan e Ian Corrigan (Gen Pop, Vexx), o Star Party é mais um desses projetos que precisavam do isolamento forçado da quarentena para aflorar. Entre composições originais e dois covers (Shop Assistants e Cher), essa fita demo eleva o bubblegum de grupos retrô como Peach Kelli Pop ou Courtneys à níveis de saturação inesperados. Phil Spector chora no inferno.

Ouça nossas favoritas: “No Excuse”, “Veil of Gauze”, “All I Really Wanna Do”


Anne Waldman – Sciamachy
(Fast Speaking Music)
EUA l Spoken word, free improv
Para fãs de: SYR Series, Laurie Anderson

Em 1975, Anne Waldman publicou o livro-poema “Fast Speaking Women”, em que a autora lançava mão de técnicas musicais e influências xamânicas para retomar a poesia performática. Quase meio século depois, Sciamachy expande esse conceito para um disco completo, com participações ilustres de membros do Sonic Youth, My Bloody Valentine, Laurie Anderson e mais figurões notáveis. Coisa fina.

Ouça nossas favoritas: “My Lover Comes Today”, “Extinction Aria pt III”, “Rune”


Twisted Thing Sacred Cement
(CORPUS)
EUA l Punk rock, hardcore
Para fãs de: Grain Assault, Vanilla Poppers

Os punks de Nova Iorque têm a sorte de ter testemunhado o surgimento de uma infinidade de bandas novas talentosas nos últimos anos e o Twisted Thing é mais um extrato desse pedigree premiado. Sacred Cement foi gravado e produzido por Sasha Stroud, do Firewalker, que injetou uma dose extra de NYHC no som mais tradicional da banda.

Ouça nossas favoritas: “(I Don’t Wanna Got It) Alone”, “Calamity Jane”, “Promise of Penance”



Phonon – Alloy
(ugEXPLODE)
EUA l Free improv
Para fãs de: The Flying Luttenbachers, Krallice

A estreia do novo projeto liderado por Colin Marston e Weasel Walter funciona como uma alternativa desorganizada e elástica ao prog brutal do Behold… The Arctopus. Mais de uma hora de tensão digna de trilhas de terror e frequências graves o bastante para fissurar o concreto armado da sua casa.

Ouça nossas favoritas: “Tamm’s Stronic Legacy”, “The Thermal Dynamic Unit”, “Metachronal Waves”


Ribbon Stage – My Favorite Shine
(K Records)
EUA l Indie pop, twee pop
Para fãs de: Talulah Gosh, Shop Assistants

As músicas de My Favorite Shrine foram inicialmente concebidas como uma fita demo antes de chegarem ao venerado selo independente K Records. Apesar da grife de luxe, nada foi retocado para disfarçar a natureza lo-fi e blasé das gravações caseiras. É para fã de twee encomendar a fita K7 e louvar de joelhos.

Ouça nossas favoritas: “Rid Myself”, “Personal Hell”, “Reasons Why”


Question – Reflections of the Void
(Chaos Records)
México l Death metal
Para fãs de: Death, Atheist

A combinação da arte da capa e o nome intrigante do grupo é uma dica imediata de que Reflections of the Void promete mais do que o puro culto ao old school. Perdidos em algum limbo entre o Death, The Chasm e o Atheist, os mexicanos do Question entregam oito faixas, sendo duas instrumentais, de death metal virtuoso e progressivo. Felizmente, a produção deixa espaço para os arranjos respirarem e você não ficará com aquela sensação de que colaram seus tímpanos no asfalto da Via Dutra ao sol de meio dia.

Ouça nossas favoritas: “First Fragmentation”, “Vacuous Thoughts”, “A Fate Worse Than Death”


Thibault – Or Not Thibault
(Chapter Music)
Austrália l Baroque pop
Para fãs de: Stereolab, Broadcast

Afastada dos palcos desde o fim do Minimum Chips, uma das pérolas do selo Chapter Music, a vocalista e tecladista Nicole Thibault deixou a aposentadoria de lado e recrutou talentos da nova geração do rock independente local para gravar sua estreia solo. Talvez Thibault e o Min Chips sejam nomes estranhos para você, mas a receita sonora não: ritmos motorik, teclados etéreos, guitarras cristalinas. Indie com climão chucrute.

Ouça nossas favoritas: “See the World”, “Chatty Catty”, “Drama”


Unholy Night – Succubus
(Reforestation Records)
Rússia l Metal punk
Para fãs de: Motörhead, Venom

Em 2016, a morte de Lemmy Kilmister foi chorada por uma variedade impressionante de tribos: metaleiros, punks, góticos, hippies, motoqueiros, todo mundo o idolatrava. Não era para menos, o Motörhead foi pioneiro em fazer a ponte entre o metal e o punk. Os russos do Unholy Night seguem essa cartilha com afinco: metal punk simples, rápido e barulhento. E dá-lhe solos com wah, riffs roqueiros e refrãos para cantar junto. Faltou só o bumbo duplo.

Ouça nossas favoritas: “Sabbat Night”, “Infected with Mayhem”, “Straight to Hell”


Sweeping Promises – Hunger for a Way Out
(Feel It Records)
EUA l New wave, post-punk
Para fãs de: Blondie, X-Ray Spex

Sem aviso prévio, o Sweeping Promises surgiu com um disco completo e bastante sofisticado para quem nem lançou uma fita demo. É difícil dizer quem está por trás das gravações. Algumas fotos mostram uma banda completa, outras somente a vocalista. Mas, seja lá quem for, certamente o indivíduo ama o som dançante e festivo do Blondie e o minimalismo do Kleenex/LiLiPUT.

Ouça nossas favoritas: “Hunger for a Way Out”, “Blue”, “An Appetite”


V.V. Lightbody – Make a Shrine or Burn It
(Acrophase Records)
EUA l Indie folk
Para fãs de: Lala Lala, Weyes Blood

A lista de créditos no encarte do segundo álbum da vocalista e guitarrista Vivian McConnell entrega a riqueza dos arranjos: seção de cordas, flautas, Farfisa, saxofone e teclados complementam a formação de banda mais tradicional. Mesmo assim, Make a Shrine or Burn It mantém o charme de um disco gravado no quarto, de maneira similar ao OHMME ou Lala Lala (onde Vivian bate ponto na banda de apoio).

Ouça nossas favoritas: “Car Alarm”, “USPS”, “If It’s Not Me”



Peace Talks – A Lasting Peace
(Cruel Noise Records)
EUA l Hardcore
Para fãs de: Torso, Herätys

Cheguei ao Peace Talks graças ao catálogo de novidades da loja Sorry State Records. Na resenha, eles apontam “traços de d-beat moderna e hardcore straight edge, com riffs complexos e furiosos misturados a breakdowns dramáticos”. Voto com o relator, é por aí sim. Mas, o que me ganhou foi o som do prato de condução, que parece alguém batendo numa garrafa de Skol com um lápis. Uma tradição do underground brasileiro tomando o mundo.

Ouça nossas favoritas: “Vanity”, “Getting Off On Acting Out”, “A Lasting Peace”


Ricky Eat Acid – When they align just so, memories of another life bleed into my own
(Pretty Wavvy)
EUA l Video game music, ambient
Para fãs de: Trilhas de JRPG

Já virou motivo de piada descrever música eletrônica como “trilha para um filme que não existe”, então, talvez o futuro seja trilhar games de mentira. When they align just so… começou como uma trilha sonora encomendada para um RPG aos moldes de Earthbound e Super Mario RPG, mas acabou virando um projeto pessoal de Sam Ray (Teen Suicide, Julia Brown) após o cancelamento do jogo. Recomendado para todos quem fizeram os doze finais de Chrono Trigger.

Ouça nossas favoritas: “waking up at home after the storm (something very beautiful)”, “inside someone’s house”, “inside a totally different person’s house”


猿芝居 [Sarushibai] – 日陰者の憂鬱 [Hikagemono no Yūutsu]
(福音レコード [Fukuin Record])
Japão l Punk rock
Para fãs de: 奇形児 [Kikeiji], あぶらだこ [Aburadako]

Considerando a manada de bandas que surgem anualmente copiando os sons da cena Burning Spirits ou o noisecore do Confuse, é até surpreendente que não apareçam outras tantas emulando o estilo ADK Records de fazer punk japonês. O Sarushibai propõe-se a preencher essa lacuna, emulando os vocais paranoicos e letras sobre alienação do Kikeiji e Aburadako, sob uma produção clara e moderna. A arte de capa é uma das minhas favoritas dos últimos tempos.

Ouça nossas favoritas: “終わりを探す [Owari wo Sagasu]”, “偽言の森 [Nisegen no Mori]”, “優しい洗脳 [Yasashī Sen’nō]”


Hällas – Conundrum
(Napalm Records)
Suécia l Progressive rock, hard rock
Para fãs de: Wishbone Ash, Camel

Muito se fala sobre a nova safra de bandas suecas, principalmente a manada de bandas capazes de emular com perfeição o progressivo setentista, para o deleite dos tiozões saudosos dos tempos de Genesis e ELP. Não sou calvo e nem gosto de prog o bastante para me interessar pela pura xerox, mas o Hällas consegue evocar a timbragem dos instrumentos e as aspirações cinematográficas da era sem parecer uma banda tributo.

Ouça nossas favoritas: “Charon”, “Tear of a Traitor”, “Carry On”


Cape of Bats – For the Ruin of Souls
(n/a)
EUA/Reino Unido l Black metal, metal punk
Para fãs de: Devil Master, Morbid

Ativo há pouco mais de dez anos, o Cape of Bats é uma versão mais sóbria e crua do Devil Master: a baterista Cassidy McGinley e o guitarrista Francis Kano dividem seu tempo entre as duas bandas e outros mil projetos. Aqui, não há nada de maquiagem, fotos irônicas ou codinomes surrupiados do André Vianco. Também vão embora toda a produção estourada e o excesso de teclados atmosféricos em favor de um som ainda mais próximo do black metal. Menos é mais.

Ouça nossas favoritas: “Free From Grace”, “Final Charge”


Dummy – EP2
(born yesterday records)
EUA l Krautrock, noise pop
Para fãs de: Stereolab, Spacemen 3

Algumas bandas são transparentes em sua música: você ouve o disco e entende de primeira as motivações, as influências e o momento de vida dos músicos. EP2 começa com uma balada atmosférica, cheia de efeitos eletrônicos, e emenda num mantra repetitivo e espacial que remete a bandas alemãs do krautrock como Neu! e Faust. Apesar de eles afirmarem que foi tudo gravado com freeware e celulares, a produção é bastante clara e profissional, mesmo quando doses de microfonia elevam as canções ao quase noise. Bom gosto faz a diferença.

Ouça nossas favoritas: “Pool Dizzy”, “Nuages”, “Prime Mover Unmoved”


Pleasure Leftists – The EPs of PL
(n/a)
EUA l Deathrock, post-punk
Para fãs de: Siouxsie and the Banshees, Wipers

Aqueles familiarizados com essa banda de Cleveland sabem o que esperar: melodias góticas e execução confiante que se inspira nos primeiros clássicos do pós-punk britânico da 4AD e Factory Records. A produção é orgânica e nada retrô, e também há uma boa dose de Greg Sage nos riffs melancólicos de guitarra. Perfeito para quem quer viver em clima de Halloween o ano inteiro.

Ouça nossas favoritas: “Suits”, “Passage on a Ghost Ship”, “Nature of Feeling”


Humant Blod – Flykten Från Verkligheten
(Desolate Records)
EUA/Suécia l Hardcore, d-beat
Para fãs de: Totalitär, Dissekerad

Hardcore incendiário ao estilo sueco por membros do Totalitär, Extended Hell, Subversive Rite e outros nomes ilustres. Poffen do Totalitär e Mattis do Dissekerad voaram até Nova Iorque para registrar os vocais e as guitarras dias antes da pandemia de Covid-19 se alastrar. A espera por esse sete polegadas era tanta, que a primeira prensagem esgotou quase instantaneamente, mas uma nova fornada já está na praça.

Ouça nossas favoritas: “Flykten från verkligheten”, “Ingen Kontroll”, “Konservativ Lögn”


Lord Vigo – Danse de Noir
(High Roller Records)
Alemanha l Epic doom metal
Para fãs de: Candlemass, Solitude Aeturnus

As fotos de divulgação do Lord Vigo são tão cafonas, mas tão cafonas, que preferimos usar um corte da arte de capa de Danse De Noir, destruindo a lógica de diagramação dessa página inteira. Mas, fique tranquilo, as músicas são excelentes. Eles conciliam o doom metal épico com elementos inesperados – refrãos pop do Blue Öyster Cult, teclados góticos, dobradinhas rápidas de guitarra –, o que torna a proposta menos maçante que outras bandas do tipo.

Ouça nossas favoritas: “Between Despair and Ecstasy”, “The Verge of Time”, “Shoulder of Orion”


C.H.E.W. – In Due Time
(Iron Lung Records)
EUA l Hardcore, d-beat
Para fãs de: Articles of Faith, Limpwrist

Para quem batizou seu EP de “em tempo oportuno”, o C.H.E.W. vomita, em pouco mais de oito minutos, cinco músicas como se estivesse largando em Silverstone. A influência de d-beat e do som típico do catálogo da Iron Lung dá o tom do atropelo. O único senão é a produção extremamente aguda e digital, ao ponto de fritar os tímpanos se você estiver ouvindo com fones.

Ouça nossas favoritas: “King Kurtis”, “Toxoplasmosis”, “Noise Square”


Imperial Triumphant – Alphaville
(Century Media Records)
EUA l Technical death metal
Para fãs de: Gorguts, Oranssi Pazuzu

Todo ano tem seu representante metal-hipster: bandas que ganham o carinho de nerdolas do YouTube, que até outro dia ouviam Kanye West, para o pavor total dos “true”. Você já conhece essa história, não? Deixada a grita de lado, o Imperial Triumphant chama a atenção pela forma que incorpora orquestrações, elementos de jazz e um toque neoclássico ao metal extremo. A produção tem aquela competência estéril, de “bom gosto”, que depõe contra a proposta. Mas não dava para esperar algo diferente da Century Media. Ouça sem preconceitos.

Ouça nossas favoritas: “The Greater Good”, “City Swine”, “Transmission to Mercury”


Public Acid – Condemnation
(Beach Impediment Records)
EUA l Hardcore
Para fãs de: Double Negative, Warthog

A primeira prensagem de Codemnation esgotou em menos de 48 horas e o sete polegadas virou presença garantida em quase todas as listas de fim do ano no hardcore. Por aqui não seria diferente. Todo esse hype é justificado. Poucas bandas no underground conseguem casar produção certeira (a cargo de Sasha Stroud do Firewalker), destreza instrumental, boas músicas e pura agressão. Destaque para os solos de guitarra, o único semblante de melodia em meio a tanto barulho.

Ouça nossas favoritas: “Electric Plague”, “Flag Fetish”, “No Revival”



Disheveled Cuss – S/T
(Sargent House)
EUA l Alternative rock
Para fãs de: Weezer, Wavves

Já era hora de Nick Reinhart tirar um descanso dos barulhinhos e ritmos truncados do Tera Melos e botar pra fora toda sua paixão pelo Rivers Cuomo. E o Disheveled Cuss é exatamente isso: guitarras gordurosas, melodias grudentas e sons com cara de verão.

Ouça nossas favoritas: “Nu Complication”, “She’s Odd”, “Shut Up” 


Rubble – Parts Per Million EP
(Distort Reality)
EUA l Anarcho-punk, UK82
Para fãs de: Vice Squad, Lost Cheeres

Se você está buscando uma banda que te dê ainda mais saudade de varar a madrugada vendo shows com os amigos, esse EP do Rubble é o caminho para a melancolia. As levadas 1-2-1-2 e os vocais dobrados lembram o Vice Squad, já as partes animadas beiram o street punk e devem soar ainda mais heroicas com um amontoado de gente pulando ao seu lado.

Ouça nossas favoritas: “Apathy”, “Manufactured Insecurities”, “Justice”


Ana Roxanne – Because of a Flower
(kranky)
EUA l Ambient, field recordings
Para fãs de: Stereolab, new age

A estreia de Ana Roxanne foi um dos destaques de nossa lista de 2020. Ano novo, disco novo e pouco mudou. Ainda bem. Ela continua a fazer um som calmo e atmosférico, influenciado pela música tradicional hindustani, o jazz espiritual de Alice Coltrane e os blips & blops da série ambient Environments (de Irv Teibel).

Ouça nossas favoritas: “Suite pour l’invisible”, “A Study in Vastness”, “Take the Thorn, Leave the Rose”


Entry – Detriment
(Southern Lord Records)
EUA l Hardcore
Para fãs de: Cro-mags, Minor Threat

Detriment é um quarto de hora de raiva, paixão e agressão entregues de uma vez só. Direto ao ponto, sem pausa para respirar. Particularmente, não sou um grande fã desse tipo som com breakdowns grooveados, vocais rasgados e timbres de guitarra quase sludge (Clayton Stevens do Touche Amore dá conta das seis cordas aqui), mas acabei tomando carinho pelo Entry depois de tantas recomendações de amigos. Talvez te cative também.

Ouça nossas favoritas: “Selective Empathy”, “These Feelings”, “Demons”


Geld – Beyond the Floor
(Static Shock Records)
Austrália l Hardcore, d-beat
Para fãs de: Nosferatu, Impalers

Discutir música é fascinante porque não há verdade absoluta. Duas pessoas podem ouvir o mesmo disco e terem opiniões opostas. Um exemplo é Beyond the Floor, novo álbum do Geld, que foi chamado de “psicodélico” por aí e ganhou comparações com o Grave New World (a banda, não o álbum), Disclose e Poison Idea. Além de essas bandas terem pouco em comum, os australianos tocam um hardcore intenso e febril, com doses cavalares de metal e microfonia, que me remetem ao Nosferatu e Impallers. Na dúvida, tire suas próprias conclusões. Uma coisa é certa: cuidado com os tímpanos.

Ouça nossas favoritas: “Forces at Work”, “Trench”, “The Floor”


Cannibal – Fire Meets Steel
(n/a)
Canadá l Heavy metal, NWOBHM
Para fãs de: Virtue, Acid

O nome Cannibal dá a entender outra coisa, mas a banda faz um metal tradicional com toques punks e vocais femininos quase declamados, bem ao estilo dos lançamentos independentes da NWOBHM. O projeto é um offshoot dos punks do Zex, que sempre fez turnês com bandas de metal e ninguém entendia muito bem o motivo. Agora está explicado…

Ouça nossas favoritas: “On Your Feet”, “The Warlock”, “Gates of Hell”


Siege Column – Darkside Legions
(Nuclear War Now! Productions)
EUA l Death metal
Para fãs de: Bolt Thrower, Massacra

Lançado pelo selo americano Nuclear War Now!, casa das bandas mais pútridas do planeta, o segundo álbum do Siege Column revisita o primitivismo do death metal ogro – Realm of Chaos do Bolt Thrower, Horrified do Repulsion – sob uma produção empoeirada, quase lo-fi. Brutal, simples, sem refinamento. Sobra até espaço para um “ugh” à la Tom G. Warrior.

Ouças nossas favoritas: “Funeral Fiend”, “Echoes from the Underworld”, “Devil’s Knights of Hell”


Banshee – Livin’ in the Jungle
(Cardinal Fuzz)
EUA l Psych rock, proto-punk
Para fãs de: MC5, Alice Cooper

A praia do Banshee é o rock de garagem e pré-punk de Detroit, do MC5, Stooges, Destroy All Monsters e seus discípulos. Diga-se de passagem, o vocalista soa assombrosamente parecido com Alice Cooper, o que não é algo tão comum de se ver por aí. Todo esse poder bruto e estamina é sustentado por uma cozinha rítmica e gordurosa, que lembra o funk do War.

Ouças nossas favoritas: “The Atomic Flu”, “The Law”, “Savage Man”


As opiniões expressas nesse artigo são responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a opinião do site. Todo o catálogo da Sereno está disponível para download em serenofrio.bandcamp.com. Leia a biografia da banda em database.fm/sereno.