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Tony Molina – Dissed and Dismissed

Tony Molina é uma anomalia pop que só poderia ter surgido nos anos 2000. Expoente da cena hardcore da Baía de São Francisco, o ex-metaleiro colabora em bandas similares ao Madball, mas, inspirado pelo Teenage Fanclub, iniciou projetos paralelos para gravar canções mais cativantes. O resultado dessa empreitada se aproxima de um denominador comum entre Weezer, Dinosaur Jr., Metallica, Descendents, Guided by Voices e Ramones.

Mas engana-se quem acha que o Tony atira para todos os lados. Suas músicas são certeiras, coesas e homogêneas. Palhetadas incessantes formam uma sólida camada de distorção, sob a qual ele destila melancolia juvenil ao intercalar vocais melódicos com virtuosismos relâmpago na guitarra. Impossível não lembrar de J Mascis, que já fazia isso quando Molina nasceu, há 30 anos. A principal diferença entre ambos está na disciplina de Molina, cujos solos soam como um Mascis domado por um produtor perfeccionista.

As gravações paralelas ao universo hardcore tiveram início em 2004, época em que ele esteve à frente do Ovens. Em 2013, decidiu fazer tudo sozinho, ajustando ainda mais o foco em busca do pop perfeito para lançar Dissed and Dismissed, que saiu via Melters Records – selo local com uma filosofia que tem tudo a ver com a estreia solo de Tony Molina: “We release music that we liked in high school, but is acceptable listening for all-ages”. Em 2014, D&D foi relançado pela Slumberland, uma gravadora de maior visibilidade e cujo cast dialoga com a sonoridade noise pop do disco, que também tem sido merecidamente tagueado como emobubblegum.

Dissed and Dismissed é uma enxurrada de riffs noventistas. Enfileirando hits, o disco traz 12 faixas em exatos 12 minutos e termina sem que você interrompa a sessão de air guitar. A curta duração das músicas e a total ausência de repetição não impedem que as melodias sejam assimiladas após a primeira audição. Tudo é tão pop que o álbum todo funciona como um único refrão, o mais longo de que já se teve notícia. Se ao invés de querer ser o maior o hit-maker de sua geração, Tony Molina tivesse se dedicado à informática, ele poderia ter inventado a extensão zip.


TOP FIVE / BANDAS NO DISKMAN

Atualmente, Tony Molina está gravando as faixas de seu segundo álbum solo, que será lançado pela Slumberland. Puxamos um papo pelo facebook para saber um pouco sobre suas influências, e ele admitiu que o gênero que mais escutou foi metal, principalmente quando estava aprendendo guitarra na pré-adolescência. Perguntado sobre as inspirações para começar a compor, recorreu aos clássicos Beatles e Nirvana. E, para nossa surpresa, Molina não considera o Tame Impala a banda mais chata da atualidade.

1. Neil Young, Tonight’s The Night
2. Big Star, 3rd
3. Gene Clark, No Other
4. Love, Forever Changes
5. Metallica, And Justice For All

Bandas no diskman: Sentenced, Demilich, Immolation, Dying Fetus, Crowbar, Suffocation, Milk Music, Weyes Blood, Jessica Pratt, Meg Baird, Mariam Gendron, Happy Diving, Forced Order, Fury, Freedom e Defeated Sanity.


Resenha de Eduardo Bento publicada originalmente no zine do Inhamis, em agosto de 2015. Essa edição foi impressa em formato tabloide preto e verde e teve como destaque uma reportagem sobre o mito Carlos Adão. Tiragem de 500 cópias. Distribuição gratuita, porém selecionada.

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