zines, jornalismo à paisana e artes gráficas
A Papelote nasceu em 2016 para informar o público dos eventos independentes de Juiz de Fora sobre a atuação de artistas e agentes culturais envolvidos nessas iniciativas faça-você-mesmo. Sob o slogan “zines gratuitos para quem não é blasé”, iniciou-se a distribuição em shows, vernissages, festivais de cinema e quermesses. Mas o mineiro é, antes de tudo, ressabiado e espalhou o boato de que a editora é apenas uma empresa de fachada dos Illuminati da Nova Ordem da Zona da Mata.
A empreitada começou com os papelotes, cujo caráter informativo remete ao fanzine enquanto ferramenta alternativa de comunicação, constituindo um canal offline para estabelecer conexões numa época em que as redes sociais têm perdido seu aspecto democrático. Compactados para caber em qualquer bolso, os textos resumem trajetórias artísticas de maneira precisa e honesta, com uma linguagem tão acessível que até parece locução de rádio.
Os critérios editoriais confrontam uma complacência enraizada em cidades do interior, onde a valorização compulsória da arte local tem o efeito perverso de nivelar tudo por baixo. Alheia às práticas condescendentes do jornalismo provinciano, a Papelote cobre um pequeno recorte da cultura juiz-forana, o que causa outro problema: as pautas refletem o círculo social e as preferências estéticas do ghostwriter Eduardo Bento. Após longas reuniões com experts do Sebrae, a solução encontrada foi ironizar a própria parcialidade, transformando #bairrismo e #proselitismo em vantagens competitivas do empreendimento.
Conteúdo, formato e meios de distribuição atribuem aos papelotes duas funções complementares – eles atuam como sismógrafo da cena ao mesmo tempo em que amplificam essas reverberações. As atualizações dos textos tentam acompanhar a evolução dos personagens e projetos retratados. Para garantir essa flexibilidade, a produção caseira aposta em pequenas tiragens e reimpressões intermitentes.
Alguns temas não cabem num chamequinho xerocado. Gastronomia, futebol, rolês e assuntos aleatórios têm exigido novos formatos. A participação em feiras de publicações independentes também impulsionou a diversificação dos trabalhos. Nessas viagens, a banquinha reúne produções de amigos, incluindo livros de artista, serigrafias, fotolivros, prints e outros artefatos Made in Jufas.
Aliás, a editora ajudou a ressignificar o termo jufas, muito antes de CNPJs hipsters começarem a ruminá-lo num storytelling com o objetivo de maquiar processos de gentrificação. Desde então, jotaefe entrou em desuso – uma abreviação obsoleta com quatro sílabas para representar apenas duas letras. Assim como os papelotes, essa gíria é melhor compreendida por quem tem familiaridade com o underground carijó.
Contribua! Sugestões e doações devem ser enviadas para a chave pix papelote.press[arroba]gmail[ponto]com. Se você tem alguma crítica destrutiva, ligue 32 3690-7610 e agende um atendimento no PROCON. A sede da editora está localizada num apartamento do bairro São Mateus, coração de Juiz de Fora. Saiba mais em @papelote.press.
Onde ler? Os textos não estão disponíveis online, exceto os produzidos em parceria com o database.
Sua coleção está completa? Já foram lançados uns 15 papelotes: Josimar Freire, BANG!, Pug Records, Filipe Alvim, The Cigarettes, Ratos na Praça, Alles Club, Gumes + Goldenloki, Lampejo, Inhamis, marianaa, BAAPZ, Baco Doente, Gaspacho….
Importante: Para economizar, tivemos que desativar o domínio papelote.press e hospedá-lo dentro do database, o site mais plagiado do Brasil. Apesar da migração, papelote e database continuam independentes.