Em março de 2015, um dia após completar 17 anos, João Luiz pisou pela primeira vez no Escritório e nunca mais saiu. Nascido no interior do Piauí, ele chegou ao Rio de Janeiro em 2009 e passou anos sem tomar conhecimento da cena em torno da Transfusão Noise Records, até que viu pelas redes sociais da californiana Burger Records que um pico próximo à Praça Tiradentes era uma das sedes do evento Burger Revolution. Desde então, Joãozinho se tornou “sócio atleta” do clube recreativo da Transfusão, assumiu o posto de baixista e excursionou por todas as regiões do Brasil com o conjunto Oruã, bem como tem ajudado em várias empreitadas do selo.
Ao longo desses três anos, o caçula da Gran Noise Family compôs e gravou o primeiro disco de seu projeto solo Trempes, tocando todos os instrumentos em sessões no estúdio da Transfusão e em seu quarto. Impender reflete os sons que ecoam pelo Escritório, desde as outras bandas que gravam e se apresentam por lá, passando pelos vinis que rodam na vitrola e pelas pedradas enfileiradas no Winamp. “Praticamente, comecei a ouvir os grandes brasileiros por causa do Escritório, principalmente Gilberto Gil, além de afrobeat e de me aprofundar no indie rock, Helvetia, Eiafuawn, umas coisas meio slowcore. Já fui absurdamente viciado em Ty Segall.” Além de alguns dos artistas citados por João, o álbum também remete ao Homeshake, à carreira solo de Rodrigo Amarante e aos discos independentes que Beck lançou em 1994.
Com o devido lobby, a Trempes poderia ser alçada ao status de “promessa” da “nova música brasileira”, o que mostra o quanto certos rótulos estão mais ligados a círculos sociais do que a questões estéticas. Não perca a conta: Impender é 99º lançamento da Transfusão, que completa 15 anos em 2019. Baixe gratuitamente em transfusaonoiserecords.bandcamp.com